Comunicação
OPINIÃO BAIXO CLERO - PRATICAR O DISCURSO
Passei a semana com esse enunciado martelando a cabeça: na edição de terça-feira do PRTV, o presidente da Acil, Nivaldo Benvenho, ao reclamar da dificuldade de flexibilizar o horário do comércio, nas discussões sobre o plano diretor, saiu com essa fala infeliz: “A mão do Ministério do Trabalho é muito pesada. Vocês conhecem por acaso alguma empresa que ganha alguma ação trabalhista? Eu não conheço”.
Para além da questão trabalhista – que também precisa ser levada a sério, com direitos respeitados –, chama atenção um detalhe. Se os empresários cumprissem a lei e respeitassem os direitos trabalhistas, não haveria motivos para litígio. Logo, não teria a “mão pesada do Ministério do Trabalho” – a provável referência deve ser à Justiça do Trabalho, que faz parte do Judiciário e não do Executivo, que é o caso do Ministério.
Mas não vou discutir aqui a queda de braço entre capital e trabalho – nessa queda de braço, o meu lado é o do trabalho, não o do capital. A questão de fundo é: a sociedade de modo geral cobra os políticos, para que eles se sujeitem às leis. E com razão. O problema é que na hora de obedecer a lei, muita gente prefere o jeitinho. E o jeitinho passa à margem da lei – assim como passam à margem da lei os políticos corruptos. Essa saída à brasileira vale para todos os setores, do capital ao trabalho, já que o problema do jeitinho vai além das classes sociais no Brasil. Gilberto Freyre e Raymundo Faoro, entre outros, explicam.
Mais do que discursar, é preciso praticar o discurso. Se queremos políticos honestos, temos que ser intolerantes com o jeitinho, as saídas à margem da lei e o tráfico de influência em todos os setores da sociedade. Colocar um adesivo do tipo “tenho nojo dos políticos corruptos” no carro e estacionar em vaga de idoso sem sê-lo é um tipo de coisa que ilustra, em escala bem menor, o que estou falando.
É um equívoco maniqueísta imaginar, como os liberais, que a virtude é privada e todos os vícios são estatais. Há competência e incompetência tanto de um lado quanto do outro. Assim como é possível encontrar honestos e desonestos por todos os lados. Aí está a Enron que não me deixa mentir – e para dar um exemplo de primeiro mundo. Além do mais, os liberais, nem os velhos e nem os novos (neo) não resolveram os problemas do mundo como acreditavam que a mão invisível faria.
O que precisamos urgentemente é resgatar a política (no bom sentido) e os valores republicanos. Tarefa que requer um grande esforço, tanto teórico, quanto prático.
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