OPINIÃO BAIXO CLERO - COMBATER A CORRUPÇÃO
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OPINIÃO BAIXO CLERO - COMBATER A CORRUPÇÃO


Não se faz corrupção sem corruptos e corruptores. Se uma das pontas faltar ao acerto, a corrupção não acontece. O problema é que no Brasil, as investigações sobre corrupção são focadas nos corruptos, sempre esquecendo os corruptores. Aconteceu em Londrina, principalmente na crise da Câmara, de 2008, quando alguns ex-vereadores foram merecidamente presos – em flagrante ou por mandado – e processados. E os corruptores ficaram como “vítimas”. Acontece em Brasília, onde sobrou para o ex-moralista e ex-DEM Demóstenes Torres, escorregou um pouco para os governadores Marconi Perilo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) e nada para a Delta. Claro, se quebram o sigilo da Delta, iria existir muito mais gente com problemas no mundo político.

Porém, não se pode considerar os corruptores “pobres coitados”, nem quando são vítimas de achaque e muito menos quando eles tomam a iniciativa de comprar votos, políticos e leis. Um empresário hipotético que tenha o valor do imóvel multiplicado por dois ou três por conta de uma mudança de zoneamento, é tão culpado quanto o vereador que criou a dificuldade para vender a facilidade. Também merece ser punido.

Há alguns anos ouvi de um empresário da construção civil a queixa de que estavam [agentes públicos] “mordendo muito”. Respondi que as “vítimas” deveriam gravar tudo, juntar provas e levar para o MP. O empresário respondeu que “daí não conseguiriam trabalhar”. Ora, nesse caso o problema não era a corrupção em si, mas estar fora do esquema.

A tendência de alguns setores de considerar os corruptores “vítimas” é uma forma maniqueísta de encarar o problema da corrupção – como maniqueístas são os que, embalados no clima de briga de torcidas que tomou conta do debate político brasileiro nos últimos anos, acreditam que a corrupção cometida por uns é mais grave do que a cometida por outros –, é mais um empecilho ao enfrentamento efetivo do problema.

A atitude certa a ser adotada por quem é abordado com qualquer conversa que ultrapasse os limites republicanos é a de Roberto Fu (PDT), na última sexta-feira e a de Amauri Cardoso (PSDB) em abril. Como diria a filósofa alemã Hannah Arendt, a coragem é a virtude política por excelência. A referência de Hannah Arendt começa pelos gregos que precisavam deixar a segurança do domínio privado para ir ao domínio público e viver "em discurso e ação" na polis e chega à modernidade. No Brasil desse começo de século XXI, denunciar a corrupção e não se omitir também é um ato de coragem, essa virtude política.

E essa coragem é necessária para enfrentar a corrupção no Brasil.



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