Como os números ajudam a prevenir crimes
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Como os números ajudam a prevenir crimes


Dois modos eficientes de se fazer uma boa cobertura policial: criando narrativas e trabalhando base de dados. A primeira tem dificuldades óbvias para se conseguir informações tanto de familiares e amigos das vítimas quanto de fontes policiais. Já a segunda, esbarra em questões políticas.

Mas reconheço que os governos avançaram na última década na criação e divulgação de estatísticas. Isso mudou, para melhor, o trabalho da imprensa. Foi um avanço tanto tecnológico quanto político, pois é a partir desses números que os governos são cobrados. Afinal de contas, a violência urbana lidera os rankings de maiores preocupações dos cidadãos, ou seja, é uma área em se perdem e se ganham votos.

Os dados estatísticos, portanto, passaram a servir de parâmetro para cobrança interna das forças policiais, fiscalização do público e produção de reportagens. Com efeito, tivemos um declínio nas taxas criminais nos últimos dez anos.

Em fevereiro, os balanços divulgados das duas maiores metrópoles brasileiras renderam manchetes opostas e parecidas:

Fiquei curioso e fui conferir as estatísticas do Rio, que não conhecia. À primeira vista, achei o modo de apresentação (em planilhas de Excell) mais eficiente e os dados mais detalhados: temos um balanço mensal por DPs e especificação de crimes como "encontro de cadáver" e "roubo a ônibus". Em SP, o balanço é trimestral, por cidades e atende a quatro tipos de ocorrências: homicídio, furto, roubo e furto e roubo de veículos.

Deve-se reconhecer os avanços em transparência de dados que, é bom lembrar, são passíveis de confronto - no caso de homicídio - com o DATASUS e as secretarias de Saúde municipais. Mas sempre acho que poderiam ser mais detalhados. Os softwares das delegacias permitem isso. Saber, por exemplo, que ruas têm mais roubo de carros. Isso sem falar na "caixa preta" que são os índices de esclarecimentos de crimes.

Transparência é essencial não somente por permitir cobranças e definições de políticas públicas como também para aproximar polícia e imprensa da comunidade. Um caso interessante ocorreu em Chicago, terceira maior cidade americana e berço político de Obama. Com índices altíssimos de criminalidade nos anos de 1990, a cidade adotou programas empregados em Nova York e Los Angeles. Eles incluíram a estratégia da polícia de tornar pública sua base de dados, publicada com mapas interativos no site Chicago EveryBlock e no jornal Chicago Tribune.


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No último domingo, O Estadão trouxe um levantamento de dados do início do século, feito junto ao Seade, que traz uma perspectiva mais ampla sobre a evolução da criminalidade em São Paulo. Pena que o material não foi bem aproveitado na versão online do jornal.



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