Pirâmide invertida ou efeito champanhe?
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Pirâmide invertida ou efeito champanhe?


A pirâmide invertida é uma técnica de estrutura narrativa em jornalismo que se popularizou no início do século XX, época em que agências e jornais transmitiam e recebiam notícias pelo telégrafo.

Consiste em hierarquizar as informações em escala decrescente de importância (por isso a metáfora da pirâmide invertida: a base está no topo).

Era uma forma econômica de se trabalhar. Caso a transmissão via telégrafo caísse ou, devido a mudanças na diagramação, precisasse cortar a matéria, seria fácil suprimir os parágrafos finais, sem prejuízo à notícia.

Apesar das críticas, o webjornalismo parecia repetir a mesma estrutura, em razão da agilidade na transmissão de hard news e de novos hábitos de leitura - que incluem o chamado "escaneamento" das páginas eletrônicas. Em tempos de internet, a informação é servida em fast food.

Taça de champanhe
No Manual de Redação do Último Segundo, do portal IG, lançado recentemente, chamou atenção o fato de que, pela primeira vez (até onde eu sei) um manual de redação e estilo fazer menção ao chamado "efeito champanhe".

É uma técnica que rompe com os padrões da pirâmide invertida, empregada para prender a atenção do leitor em narrativas mais longas na web.

Ao invés de hierarquizar as informações, o lide é diluído em sublides ao longo do texto, de forma a segurar o interesse do leitor.

Segundo o manual, nas considerações do consultor Mário Garcia, a técnica consiste em:
Como uma taça de champanhe, deve-se produzir a irresistível vontade de fazer a espuma chegar à borda novamente, tão logo tomamos os primeiros goles. Não podia ser "efeito chope"?

Qual ténica usar
Há um bom tempo especialistas apontam, e isso para o jornal impresso, a superação ou limitação da pirâmide invertida.

Interessante como o manual do IG se contradiz. Primeiro afirma que o conceito de pirâmide invertida "não se aplica em textos para serem lidos nas telas computador", para em seguida dizer que o efeito champanhe "só se aplica para textos analíticos, comentários e opinativos, porque os textos noticiosos nunca podem ter mais de 1500 caracteres."

Ou seja, em matérias quentes, caso da maior parte das notícias na web, use a pirâmide invertida. Curtas e completas.

Para matérias frias, analíticas e reportagens especiais, dilua as informações em blocos e segure o leitor em subtítulos. Ao final do texto, como no final de cada capítulo de novela, deixe um "rabo" para que o leitor siga os links e continue a leitura.

Nem preciso dizer que, para isso, o jornalista deve ler muito bons escritores e ter um texto de primeira.

Lição de casa
Algumas matérias se resolvem com lide e pirâmide. Não pedem nada mais do que isso. Um beijinho no cangote, um afago e já ficam contentes.

Outras pedem um tratamento diferenciado. Tem que levar pra jantar, comprar presentes, preparar um "clima".

Quem manda é o fato, não o jornalista. Esse não manda nem na mulher.



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