O que a literatura tem a ensinar ao jornalismo
Comunicação

O que a literatura tem a ensinar ao jornalismo


Concisão e objetividade.

Ser conciso é escrever o essencial. Isso e nada mais do que isso. É o ofício da síntese que, por excelência, exercem os poetas. Resumir idéias complexas em pouco espaço. Escolher a palavra exata, precisa.

Por objetividade quero dizer a capacidade de apresentar os fatos como eles são, sem glacê. Livres das firulas, cacoetes e clichês. Xô, binladens!

No final dos anos 80, meu velho amigo Abs Moares (por onde anda você?) me indicou dois livros: Ficções e O Aleph, de Jorge Luis Borges. Putz, que porrada! Nunca mais deixei de reler o argentino. Era tudo que eu procurava: o fundamental, sem virtuosismos de linguagem. Borges encontrou nos contos essa solução econômica para a literatura. Brilhante.


No conto "História dos Dois que Sonharam", no livro História Universal da Infâmia (1935), Borges faz o relato - de origem persa, se não me engano - de um homem que sonha um tesouro. Ele passa pelo calvário habitual dos heróis - de Cristo e Ulisses - para só então descobrir, por meio do sonho de outro, que o tesouro estava exatamente no ponto de onde partiu.

Borges dá conta disso em uma página e meia, nem isso.

O mago Paulo Coelho, em O Alquimista (1988), narra a mesma história em quase 200 páginas (192 na edição atual, para ser mais exato).

O mago deve saber o que faz, já que é o escritor mais lido no mundo. Ou, como disse Millôr Fernandes no Estadão de sábado, "Ele deve ter razão no que diz e escreve, pois vende 200 milhões de livros, viaja na Transiberiana. O mundo é feito assim. Mas continuo achando seus livros uma merda". Eu também.

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Em tempo...
Boa noite!



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