Comunicação
A imprensa errou ao entrevistar o agressor, na cobertura do caso de cárcere privado em Santo André? O que um repórter, pressionado pelo editor e a concorrência dos colegas, faria ao obter o número de telefone do apartamento ou o número de um celular do local?
Na guerra pela audiência, os departamentos de jornalismo da Globo, Record e Rede TV não hesitaram em divulgar entrevistas.
A decisão foi, neste caso, o que mais gerou críticas em blogs, fóruns e portais especializados como o Comunique-se, o Observatório da Imprensa e o Portal Imprensa.
O que fazer?
A rigor, não há regras que especifiquem como agir neste tipo de cobertura. No crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 do Código Penal), algumas empresas, como a Globo, divulgam o fato, alegando que a omissão favoreceria os criminosos.
Outros veículos, Folha e Estadão por exemplo, analisam caso a caso, optando por não divulgar quando há risco de morte ou prejuízo à investigação policial.
Já em sequestro e cárcere privado (art. 148), a presença dos jornalistas, em geral, é uma das primeiras exigências do acusado, uma garantia de vida.
E, em situações como a de Santo André, demorada e com evidentes elementos narrativos (vingança, paixão, traição, etc), as tentações pelo sensacionalismo são enormes.
Loucos
Se fosse possível seguir algum princípio que norteasse este tipo de cobertura, seria aquele que determina o zelo pela imparcialidade e objetividade, a não-interferência na realidade e a manutenção de um distanciamento emocional e crítico.
O fato, por si só, já é insano o suficiente sem que acrescentemos a ele nossa própria loucura.
Ilustração: "Circle Limit IV", M.C. Escher.
- Repórter Em Zona De Conflito Recebe Treinamento
No final de semana, depois da divulgação do seqüestro e tortura sofrida pela equipe de repórteres de O Dia por policiais militares, ocorrida em uma favela no Realengo, zona oeste do Rio, durante reportagem sobre as milícias, entidades como ABI (Associação...
- Sacode A Poeira E Dá A Volta Por Cima
Ser repórter é isso aí. Uma vez o jornal mandou dois jornalistas na cobertura de um evento em que estava o então governador Geraldo Alckmin (PSDB). Nenhum dos dois interessados no evento. Um repórter era de política e foi tirar uma declaração...
- Autocensura: O Caso Folha
Em 1961, o New York Times decidiu não publicar informações sobre os planos da CIA para a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, sob o pretexto de não colocar em risco a segurança nacional. A decisão de um dos mais influentes jornais do mundo é...
- O Caso Madeleine E A Credibilidade Da Imprensa Luso-britânica
O Observatório da Imprensa traz, esta semana, uma das melhores críticas que li sobre a cobertura da imprensa portuguesa e britânica no caso Madeleine. O texto é de Célio Levyman, que em um dos trechos escreve: "A imprensa do Velho Mundo está se...
- O Jornalista Da Globo, O Crime E Os Atraentes Holofotes Da Mídia
O caso do jornalista Messias Xavier, da TV Globo, acusado de passar informações aos bandidos sobre ações da Polícia Federal, põe em causa outras questões, que vão além da total falta de ética de um profissional da mídia: pode a imprensa ter...
Comunicação
Memórias do cárcere
A imprensa errou ao entrevistar o agressor, na cobertura do caso de cárcere privado em Santo André? O que um repórter, pressionado pelo editor e a concorrência dos colegas, faria ao obter o número de telefone do apartamento ou o número de um celular do local?Na guerra pela audiência, os departamentos de jornalismo da Globo, Record e Rede TV não hesitaram em divulgar entrevistas.
A decisão foi, neste caso, o que mais gerou críticas em blogs, fóruns e portais especializados como o Comunique-se, o Observatório da Imprensa e o Portal Imprensa.
O que fazer?
A rigor, não há regras que especifiquem como agir neste tipo de cobertura. No crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 do Código Penal), algumas empresas, como a Globo, divulgam o fato, alegando que a omissão favoreceria os criminosos.
Outros veículos, Folha e Estadão por exemplo, analisam caso a caso, optando por não divulgar quando há risco de morte ou prejuízo à investigação policial.
Já em sequestro e cárcere privado (art. 148), a presença dos jornalistas, em geral, é uma das primeiras exigências do acusado, uma garantia de vida.
E, em situações como a de Santo André, demorada e com evidentes elementos narrativos (vingança, paixão, traição, etc), as tentações pelo sensacionalismo são enormes.
Loucos
Se fosse possível seguir algum princípio que norteasse este tipo de cobertura, seria aquele que determina o zelo pela imparcialidade e objetividade, a não-interferência na realidade e a manutenção de um distanciamento emocional e crítico.
O fato, por si só, já é insano o suficiente sem que acrescentemos a ele nossa própria loucura.
Ilustração: "Circle Limit IV", M.C. Escher.
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No final de semana, depois da divulgação do seqüestro e tortura sofrida pela equipe de repórteres de O Dia por policiais militares, ocorrida em uma favela no Realengo, zona oeste do Rio, durante reportagem sobre as milícias, entidades como ABI (Associação...
- Sacode A Poeira E Dá A Volta Por Cima
Ser repórter é isso aí. Uma vez o jornal mandou dois jornalistas na cobertura de um evento em que estava o então governador Geraldo Alckmin (PSDB). Nenhum dos dois interessados no evento. Um repórter era de política e foi tirar uma declaração...
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O Observatório da Imprensa traz, esta semana, uma das melhores críticas que li sobre a cobertura da imprensa portuguesa e britânica no caso Madeleine. O texto é de Célio Levyman, que em um dos trechos escreve: "A imprensa do Velho Mundo está se...
- O Jornalista Da Globo, O Crime E Os Atraentes Holofotes Da Mídia
O caso do jornalista Messias Xavier, da TV Globo, acusado de passar informações aos bandidos sobre ações da Polícia Federal, põe em causa outras questões, que vão além da total falta de ética de um profissional da mídia: pode a imprensa ter...