Ei, ei, ei, o texto é nosso rei!
Comunicação

Ei, ei, ei, o texto é nosso rei!


Achei muito bacana esta entrevista publicada nesta segunda no Poynter (http://www.poynter.org), em que um dos bam-bam-bans da usabilidade defende o texto na Internet. Pois é. Fiz uma tradução livre, o original vocês podem ler no site. Dividi em duas partes (ufa!).

Qual o futuro do texto on-line?
De acordo com Chris Nodder, especialista em experiência do usuário para o Nielsen Norman Group, ele parece ser brilhante.
Por Guillermo E. Franco

O expert em usabilidade Jakob Nielsen vem dizendo há mais de uma década que escrever para Web é diferente de escrever para o impresso. Nielsen promoveu o uso da pirâmide invertida, parágrafos curtos, listas com marcadores [bulleted lists], subtítulos e hipertextos. Embora algumas destas diretrizes se conformem com o ensino jornalístico tradicional, nem todos os jornalistas as conhecem ou as usam na Internet – e alguns as rejeitam completamente.
Mas para a Web, 10 anos são uma eternidade. E novas questões surgiram. Com o domínio crescente do áudio e vídeo on-line, qual é o futuro do texto? As diretrizes da escrita on-line poderão mudar quando a definição de tela melhorar? A pirâmide invertida matará o modo criativo de se contar uma história?
Eu coloquei estas questões – e muitas outras – para Nielsen em entrevista por e-mail para que fosse incluído em “Como escrever para Web”, um livro de 300 páginas que planejo publicar on-line nas próximas semanas. Este documento, que foi escrito em espanhol, vai estar disponível em http://www.eltiempo.com, o principal website da Colômbia. Ele oferece um balanço da teoria, pesquisa e traz exemplos.
Para responder às minhas perguntas, Nielsen indicou Chris Nodder, um expert em webwriting e especialista em experiência do usuário da Nielsen Norman Group.

PERGUNTA: Em 2000, Nielsen disse em seu livro “Design para Usabilidade na Web” [Designing Web Usability] que o conteúdo é o foco de atenção do usuário; esta é a razão pela qual eles vão para o on-line em primeiro lugar, e esta é a primeira coisa que olham quando carregam uma nova página.”
Obviamente, ele estava falando de texto. A pesquisa de EyeTrack do Poynter mostra que leitores on-line preferem texto – tanto na ordem em que vêem quanto no tempo total gasto olhando. Com as conexões rápidas da Internet disponíveis, você pensa que esta declaração permanece verdadeira? Ou o vídeo e áudio serão o novo foco de atenção do usuário?

RESPOSTA: Vídeo e áudio são meios sedutores porque muitas vezes os designers acreditam que podem passar melhor suas mensagens por meio de figuras móveis de narração. Entretanto, é ainda muito difícil procurar ambos tipos de conteúdo, o que significa que o texto é ainda o meio primário se você se importar com a recuperação de conteúdo. No cenário dos negócios, ainda vemos usuários ficando muito irritados pelo áudio – especialmente áudio não-anunciado – e frustrados quando o conteúdo de vídeo não permite os permite “escanear” a parte da mensagem que mais lhes interessam. A este respeito, os meios mais “ricos” podem realmente ser “mais pobres” do que o texto, porque são essencialmente formatos lineares e sincrônicos. Texto, por outro lado, pode ser “escaneado”, cortado, resumido e recolocado (e traduzido, formatado, hiperlinkado e transmitido) muito mais facilmente que o conteúdo de vídeo e áudio.
Isto não quer dizer que o vídeo e o áudio são inerentemente maus. Ambos tipos de conteúdo podem ser instrutivos, e ambos podem ser usados como entretenimento. Nós estamos somente começando a ver a Internet abraçar e transformar estas formas de conteúdo, que eram tradicionalmente transmitidas por TV e rádio. Daqui a um tempo, estes meios alcançarão o nível de integração on-line que o texto tem atualmente.
Vídeo e o áudio podem tornar-se dominantes em determinados dispositivos. É difícil usar um celular para ler matérias, mas é muito mais fácil de usá-lo como uma tela minúscula da TV. Ler ao volante é perigoso, mas podcasts podem mantê-lo a par de sua informação favorita. No momento, porém, eles ainda estão além das capacidades dos usuários para fazer com que estes cenários trabalhem por eles. Em nossos estudos, adolescentes – que tipicamente adotam estes meios – foram freqüentemente confundidos pelas etapas requeridas para iniciar o conteúdo e jogar em seus PCs, deixando-os abandonados para transferir aquele conteúdo para outros dispositivos.

PERGUNTA: O livro de Nielsen também diz que problemas de legibilidade da tela estarão resolvidos no futuro porque as telas com resolução de 300 dpi terão sido inventadas. Isso faria uma tela tão fácil de ler como um jornal. Suas diretrizes para a escrita on-line poderiam ainda ser aplicadas quando a resolução de tela for melhorada?

RESPOSTA: Existe uma diferença display e conteúdo. Tornar o texto mais fácil de ler em um display é apenas parte do problema. Uma questão mais ampla e complexa é decidir o que escrever em primeiro lugar. Boas técnicas de escrita nunca sairão de moda. De fato, toda publicação impressa pode beneficiar-se das mesmas diretrizes que sugerimos para criar conteúdo para Web.
Sugerimos aos escritores:
- Usar pirâmide invertida. Começar com a conclusão.
- Escrever resumos ou sumários para conteúdo extenso.
- Dizer aos leitores que questões podem esperar que a matéria responda.
-Fazer pedaços pequenos de conteúdo com uma ou duas idéias em cada pedaço.
-Juntar conteúdos similares.
-Escrever títulos e subtítulos originais.
-Fazer listas, não parágrafos. Listas com marcadores [bulleted lists] e espaços brancos podem quebrar o texto.
Curiosamente, apesar de alguns displays de alta resolução disponíveis comercialmente -especialmente em Tablet PCs [um tipo de computador portátil] -, a previsão inicial de 300 dpi ser comum em 2007 não parece ter acontecido. A tecnologia existe, mas está apenas começando a ser sendo explorada. E até que os computadores sejam produzidos de forma que possam ser adequados para ler tanto quanto o papel em ambientes múltiplos, o papel ainda será o principal fator.
(Continua...)



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