1. A NOMIC, 25 anos depois, e com o Relatório McBride ainda sendo o único documento formal relativo à democratização e ao acesso da informação, teve sua agenda básica assolada pelas TIC’s, deixando de cumprir muito de seu papel, ou tendo alguns outros aspectos perdendo sentido com as TIC’s.
2. A NOMIC foi concebida num momento histórico onde a liberdade de imprensa, especialmente a mídia impressa, era o centro das preocupações; posteriormente com o a suposta configuração da Aldeia Global de McLuhan, ou seja uma inovação tecnológica com a TV via satélite, haveria maior espaço para a democratização da informação; e contemporaneamente com o advento das mídias digitais e da internet, sob a égide de uma rede sem controle e de ampla liberdade de participação. Tais momentos, ainda que somados, revelam, através da realidade por todos nós vivenciada, e relatada os papers apresentados, que a democratização da comunicação ainda é uma tarefa pendente e, cada vez mais atrelada a variáveis sociais, políticas e econômicas que devem ser incluídas nas discussões. Apenas as inovações tecnológicas não contribuem para o processo de acesso à informação.
3. Apesar das diferentes denominações para o atual momento comunicacional que vivemos – sociedade da informação, sociedade do conhecimento, etc. – em realidade, estamos passando por uma sociedade em transição e, portanto por processos mediáticos em transição. Portanto, prenuncia-se uma necessidade de discutir uma nova agenda paras as comunicações no mundo.
4. As novas mídias, e a internet em especial, elevaram a informação, graças às diferentes tecnologias a ela inerentes, como um bem público global, com características de renovação contínua por conta da instanteneidade da rede. Portanto, uma preocupação fundamental é garantir à população, de forma igual e homogênea o acesso a esse bem público global.
5. Um dos principais valores associados à mídia digital é a possibilidade de trocas e interações coletivas. Um valor que, sem bem explorado, possui elevado grau de democracia em seu contexto. Tais valores, atualmente não são explorados pelas diferentes esferas sociais na grande rede, permanecendo vigentes modelos informativos comunicacionais verticalizados e mediados por filtros editoriais diversos. Portanto, mais uma tarefa pendente herdada da NOMIC: a reconfiguração dos modelos de informação e de participação das diferentes vozes.
6. A América Latina, apesar de todos os recursos tecnológicos vigentes, ainda sofre limites e restrições de disseminação e acesso à informação. Ela não existe no processo no processo do imaginário global, e portanto, ainda não podemos nos incluir no fluxo global de informações hoje predominante na grande rede.
7. Os aspectos técnicos da existência da web, embora dita uma rede invisível, são na realidade bastante concretos, através de protocolos de comunicação concebidos e construídos pela mente humana, e que inserem uma diversidade de controles, filtros, barreiras de acesso imateriais que, se não expostas, ampliam o potencial de não-democratização da informação através das novas mídias.Bem, diante da pequena lista, me parece que temos ainda muito a refletir aqui no Intermezzo e também em nossas outras ações. Saí do evento pensando em revisar conceitos que nos pareciam claros como "jornalismo digital". Quem sabe "informações veiculadas na web" não seria mais adequado? O que acham?