Comunicação
Receita de jornalista scholar II

Durante quase dois anos, universidades e sindicatos de jornalistas de cinco países europeus foram parceiras no projeto “MediaDigIT- Digitalização no Setor da Comunicação: Um Desafio para a Europa”, cujo objetivo foi desenvolver estratégias para uma formação continuada de jornalistas, frente à crescente digitalização do setor.
Os resultados foram apresentados ontem na Casa da Imprensa, em Lisboa.
Segundo matéria publicada no Sindicato dos Jornalistas de Lisboa, durante o evento o diretor do Cenjor (Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas), Fernando Cascais, afirmou que vai disponibilizar em breve oito perfis de formação profissional levantados pelo projeto. Os perfis, segundo ele, são destinados a jornalistas formados que buscam atualização no mercado. A conferir.
É interessante ver o que nossos colegas europeus pensam sobre o assunto. Para o presidente da Mesa da Assembléia Geral do Sindicato dos Jornalistas de Lisboa, José Luiz Fernandes, os jornalistas precisam repensar práticas e resistir aos
efeitos maléficos da digitalização, que seriam:
- extinção dos postos de trabalho, principalmente de jornalistas mais experientes (e bem remunerados);
- acúmulo de funções, acompanhado de baixos salários e, muitas vezes, sem vínculo empregatício;
- baixa qualidade na produção, perda da autonomia editorial e ética.
- padronização do material noticioso - que é embalado em múltiplas plataformas - e das interpretações dos fatos, criando um produto indiferenciado.
É uma equação. Matérias de
press releases e agências são empacotadas por jornalistas menos experientes, mal pagos e
freelas (sem qualquer juízo de valor aos
freelas, por favor), que substituem repórteres mais velhos e experientes. E, com medo de perder o emprego, abrem mão da autonomia.
Em última análise, quem perde é o leitor e, em última instância, a democracia.
TemperoJá o diretor do Centro de Investigação para Tecnologias Interativas da Universidade Nova de Lisboa,Carlos Correia, faz uma leitura contrapondo
mass media (meios de comunicação de massa) e
self media, que representaria o fenômeno da web 2.0.
Em sua definição,
self media "são meios individualizados de comunicação digital: telefones móveis, pda's, computadores; são o hardware do sistema, sempre em rede."
O que ele propõe, ao contrário de Fernandes, não é resistência, mas adaptação. Para isso, as empresas de comunicação devem criar modelos de gestão e negócios que contemplem blogs, RSS, etc.
Em suas palavras:
"É para a blogosfera que grandes volumes de publicidade se deslocam a uma velocidade crescente. Esta será a razão da crise instalada em muitas empresas de comunicação que não acompanham a mudança."
"A (sic!) Google é uma empresa cuja base de dados se especializou em pesquisar, tratar, gerir e retirar lucros dos dados que as pessoas e as empresas publicam na Internet (...) Saber federar interesses, organizar redes de pessoas e manter estratégias multipolares de informação é posicionar-se do lado dos vencedores."
Em outras palavras, juntem-se a eles!
MolhoO Ponto Media publicou esta semana o link para a edição de outubro dos Nieman Reports, com artigos sobre o ensino de jornalismo na era digital. Não li ainda, mas já salvei. Em inglês.
Também foi notícia ontem o anúncio de que o Google vai fazer da China um laboratório para web móvel. Ou seja, a empresa estuda como vender produtos para pessoas que não usam mais o desktop (computador de mesa) para acessar a internet, mas aparelhos celulares. A China é o segundo mercado em internet, só perdendo para os EUA.
Vem novidade por aí. Ou, como diria Norman Mailer, "vem aí uma tempestade de merda".
Reprodução de A ceia em Emaús (1601), de Caravaggio.
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