OPINIÃO BAIXO CLERO - BARBOSA E A IMPRENSA
Comunicação

OPINIÃO BAIXO CLERO - BARBOSA E A IMPRENSA


O jornalista Barbosa Neto (PDT) é o novo prefeito de Londrina. Como jornalista, ele sabe que o campo jornalístico não admite – ou pelo menos não vê com bons olhos – as interferências e tentativas de interferência externa, principalmente quando partem do poder público. Como prefeito, talvez fosse mais interessante que ele tomasse mais cuidado com as críticas que faz a imprensa.

Como eu sempre digo, não sou corporativista. Sou adepto da tese do quinto poder, proposta pelo jornalista Ignacio Ramonet, do Le Monde Diplomatique. É uma pergunta que os estudiosos se fazem há alguns anos: se é verdade que a imprensa é o quarto poder (ou deveria ser), um cão de guarda que defende o cidadão e fiscaliza o poder (deveria ser), a questão é: quem fiscaliza o quarto poder? Para Ramonet, a resposta está no quinto poder. Existe no Brasil um Observatório de Imprensa que faz a crítica semanal de imprensa. Jornais como a Folha de S.Paulo adotaram a figura do ombudsman, que critica semanalmente o jornal nas páginas do próprio jornal.

O problema é que não se pode confundir crítica de imprensa com tentativa de controlar ou de colocar rédeas na imprensa. Quando a crítica vem do chefe do Poder Executivo, tem tudo para ser confundida com a tentativa de condicionar a cobertura. Presidentes brasileiros têm o hábito de tentar condicionar a cobertura da imprensa: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), volta e meia escorrega, cobrando uma “agenda positiva” da imprensa. Infrutífero. Mais discreto, seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), se reunia com empresários do setor cobrando a agenda positiva. Em alguns momentos funcionou, como em 1998 (registrado no livro “A síndrome da antena parabólica”, do professor Bernardo Kucinski).

Nesse sentido, seria interessante que o jornalista Barbosa Neto olhasse com cautela a experiência dos presidentes para que o prefeito Barbosa Neto aprendesse com alguns de seus erros nessa área. Discutir a imprensa, sim. Mas no foro e no tom adequado. O resto é tentativa de “enquadramento”.



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