O fim do dependente
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O fim do dependente


O Independente teve o seu tempo. Morreu hoje, afogado em dívidas, processos em tribunal e poucos leitores. Poucos jornais contradisseram tanto na prática o seu próprio título.

Este semanário teve alguma piada no início. Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso introduziram um estilo nunca dantes visto na imprensa portuguesa, que, em 1988, ainda não contava com o Público. Casaram humor com notícias incisivas e manchetes "assassinas". Cavaco Silva que o diga, a par de ministros como Leonor Beleza, Braga de Macedo, João de Deus Pinheiro, Miguel Cadilhe ou Sousa Franco, entre muitos outros.

Depois, a frescura inicial começou a pender para a bandalheira jornalística. Portas disfarçava cada vez menos a utilização do jornal como (sua) mera rampa de lançamento para a refundação da direita portuguesa ou lá o que isso seja. Se tivesse ficado no Independente, teria sido óptimo para o jornal e ainda melhor para a salubridade do panorama político nacional. Mas não. E lá foi ele traulitar a sua cartilha para a política, arruinando o CDS para lhe colar as suas próprias iniciais. Deu no que deu.

O jornal que deixara entretanto para trás nunca mais se recompôs. Transformado num megafone de uma certa direita rendida ao altar dos negócios, foi atropelando tudo quanto era um mínimo de bom senso e respeito por regras deontológicas. Por exemplo, ficou célebre a transcrição, elevada a manchete, de uma conversa privada que Sousa Franco tivera à mesa de um restaurante.

A partir de certa altura, o jornal tornou-se pura e simplesmente intragável e ilegível. Foi, portanto, O Independente a cavar a sua própria sepultura.



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