Comunicação
Jornais: dois livros para as férias

Os Melhores Jornais do Mundo: uma visão da imprensa internacional (Globo, R$ 63,90), de Matías M. Molina, tem uma edição cuidadosa e parte de uma análise histórica de
17 jornais mais influentes do mundo - publicados nos EUA, Espanha, Reino Unido, Itália, Suíça e Japão - para refletir sobre o futuro da mídia impressa.
O livro vem em um momento oportuno, em que se discute a queda de circulação dos principais jornais no mundo, com exceção de países com o Brasil, e a gradual perda de leitores para meios eletrônicos e digitais.
Para enfrentar a crise, é importante enfatizar que influência nada tem a ver com circulação, mas com ética e competência editorial. O que torna um jornal influente, em alguns pontos que servem de base para a seleção de Molina, é:
- Capacidade de influenciar líderes de opinião (políticos, empresários, etc.).
- Discutir idéias e preocupações de setores sociais.
- Abordar assuntos internacionais e de interesse público.
- Ser bem editado e diagramado com sobriedade.
- Ter opiniões equilibradas e bem articuladas.
- Respeitar a inteligência do leitor.
Em suma, são jornais
bem escritos e editados cujo maior patrimônio é a
credibilidade, e que por isso tornam-se
fontes de pautas para outras mídias (inclusive
blogs) e
agenda pública de debates. E ainda, têm no
lucro uma divisa
ética, não um fim em si mesmo.
Um terreno firme no ambiente liquefeito da sociedade contemporânea pode ser um bom investimento.
Produção acadêmicaO Destino dos Jornal (Record, R$ 40), de Lourival Sant'Anna, é, antes de tudo, uma boa notícia: deixando de lado discussões mal pontuadas e opiniões rarefeitas que proliferam na internet, a academia começa a colocar no mercado pesquisas mais robustas como esta, realizada por um profissional experiente. O livro resulta de uma dissertação de mestrado defendida na USP e orientada por Beth Saad, no ano passado.
É sinal de que a universidade vem cumprindo sua função de mapear os caminhos do mercado com rigor científico, diferente de algumas que ensinam apenas a "apertar parafusos".
Na obra, o autor analisa a estratégia de três jornais brasileiros - Folha, Globo e Estado - para enfrentarem a concorrência da internet e outras mídias. A resposta, mais uma vez, está na preservação de
valores do jornalismo, segundo o autor.
O livro será lançado oficialmente na próxima segunda (30) na Livraria Cultura, em SP. Haverá
um debate com a presença do
publisher da Folha,
Otávio Frias Filho,
do diretor de Redação de O Globo,
Rodolfo Fernandes,
e do diretor de conteúdo do Estadão,
Ricardo Gandour. Será que algum repórter vai perguntar sobre os boatos de compra do Estadão pela Globo?
Boa leitura!
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