Contar boas histórias
Comunicação

Contar boas histórias


Aliás de ontem trouxe essa reportagem sobre uma família cuja casa na periferia de SP está alagada desde dezembro. O diferencial é que o repórter contou o drama na voz do personagem principal, reproduzindo seu jeito simples de falar: "Eu não tenho inimizade nesse Romano. Trinta e oito anos a gente mora aqui. O povo da zona leste - Jardim Helena, Pantanal, Jardim Romano - tudo me conhece (...)".

Em comum, jornalismo e literatura objetivam cativar o leitor com boas histórias. É assim desde os tempos de Homero e Gilgamesh. E as melhores histórias são aquelas que melhor traduzem sentimentos, de forma a nos deixar marcas, imagens (e personagens) que passam a fazer parte de nossa experiência. Poucos escritores conseguem isso.

***
Um exemplo (em jornalismo): li uma matéria "quente" há muitos anos sobre a morte de um sem teto numa manifestação em SP. Não me recordo sequer o jornal. Mas lá no final do texto, o repórter, que havia ido até o barraco onde a vítima morava, faz uma descrição tão desoladora e solitária daquela vida perdida (o barraco ainda tinha as luzes acesas, com se o morador fosse chegar a qualquer instante) que nunca esqueci a cena.

O autor descreveu o nada e o absurdo de um modo que invejaria Camus e Sartre. E assim, criou no leitor uma experiência talvez mais vívida que a real (digo, mais intensa do que se eu tivesse ido até o tal barraco).

Incrível, não? As palavras têm esse poder.



loading...

- Deadline
Essa história é boa. Na pressa de publicarem ontem o obituário de J.D. Salinger, o NYT soltou um texto com uma nota do editor embutida, que esqueceram de deletar, denunciando uma prática muitíssimo comum de preparar com antecedência o obituário...

- Poder Das Narrativas
Junot Diaz (um de meus melhores achados no finado ano) faz uma análise interessante do primeiro ano de Obama na Casa Branca em One Year: Storyteller-in-Chief, publicado hoje na New Yorker. Ele começa o texto dizendo que uma das prerrogativas de um presidente...

- Luto
Soube hoje à tarde da morte de um tio muito querido, Luiz Alberto Silveira. Para mim sempre foi Tio Luiz, desde quando eu me conheço por gente. Desde quando ele me perguntava para qual time eu torcia, não para confirmar que era o time da família,...

- Ricard Kotscho: Do Golpe Ao Planalto - Uma Vida De RepÓrter
O jornalista Ricardo Kotscho (foto) acaba de lançar o livro “Do Golpe ao Planalto – Uma vida de Repórter”. A obra analisa as mudanças que aconteceram no jornalismo do Brasil desde o golpe militar de 1964 até o ano de 2002. Kotscho tem 40 anos...

- Provocações
Por Luís Fernando Veríssimo A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão....



Comunicação








.