Comunicação
A arte da sedução no jornalismo em RSS

Poucas experiências retratam de modo tão exemplar o conceito de
self media como os feeds RSS. Uma coisinha à toa que, do mesmo modo que as banais portas USB, alteram os processos de comunicação social. E foi com essa ferramenta, o RSS, indispensável em nossas vidas online, que me dei conta do quanto precisamos refinar nossa arte de seduzir leitores - principalmente leitores de blogs.
Os artifícios para conquistar os leitores da web já foram discutidos com muito mais competência por blogueiros profissionais
. Proponho pensar nos feeds mais especificamente no contexto jornalístico, em como tornam imprescindível um título relevante e um lide bem construído.
Feeds RSS são sintomas da mudança de uma esfera comunicacional
mass media para
self media (ou qualquer outra denominação semelhante que temos empregado para descrever isso).
Este lance de
self media é interessante porque traz uma imagem de
self service, que não tem nada a ver com o significado do conceito, mas é bem bacana. As mídias atuais seriam um imenso
self service e
delivery.
Explico.
Antes era assim. Você ia à banca e comprava um jornalão. Marcava hora com o Sérgio Chapelin e Cid Moreira para assistir ao Jornal Nacional. Acordava bem cedinho para ouvir o Gil Gomes. Era este o recorte midiático de mundo de nossos pais. O marmitex da comunicação.
Hoje ainda temos o prato-feito. Mas, além dele, milhares de sites noticiosos, blogs, vídeos em formato digital e podcast do mundo todo à disposição.
Com meia dúzias de sites para visitar diariamente, tudo bem. Você controla o fluxo. Mas a partir do momento em que os links pulam casas decimais, o fluxo passa a controlar você. E aí, ou você vira um baudrillardiano - dizendo que informação total é igual a informação zero - ou recorre aos feeds.
Tudo em ordemO objetivo dos feeds RSS é facilitar o acesso à páginas na web. É a maneira mais econômica de se consumir informações atualmente. Ao invés de ir até a informação, ela vem até você. Ao invés de entrar em cada site, todos os dias, os sites "avisam" quando são atualizados. Simples. É só escolher o sabor e fazer o pedido.
O ponto-chave da internet é organização. Quando os endereços viram uma bagunça na barra de favoritos, é hora de organizar tudo em
tags no Del.icio.us. Muito bem. Mas quando passamos a perder muito tempo para ler todos os blogs que postamos, é hora de apelar para um Google Reader da vida. Ou Netvibes. Ou Bloglines.
Acontece que, mesmo nos leitores de feeds, os blogueiros precisam disputar a atenção em meio a dezenas, centenas de atualizações diárias. Como resultado, são lidos os que chamam a atenção do freguês. Pelo título e resumo da postagem, por exemplo.
Lide, mas nem tão clássico assimLeitores mais novos, em idade, não têm mais o tempo e a paciência dos antigos assinantes de jornais. Bem ou mal, estes últimos compraram o jornal e têm a manhã de domingo livre para ler até o obituário e as palavras-cruzadas, se quiserem.
O leitor na web, não.
Ele precisa ser atraído com títulos que revelem o real conteúdo do texto, que sejam afirmativos e despertem sua curiosidade, sem enganá-lo. Valem, portanto, as mesmas regras do jornalismo. A dificuldade, porém, é maior.
Voltamos ao velho lide. Ou quase isso. O "lidão" mecânico, clássico, pode ser substituído por algo mais sutil, que coloque o assunto logo de cara mas que construa "ganchos" que fisguem o leitor ao final de cada parágrafo. Sedução é isso, né? Tem que deixar para tirar a calcinha por último, não sair mostrando a xoxota.
(Confesso que nunca gostei de "nariz-de-cera". Imagine essa aberração em feeds).
Sendo assim, meus caros, desenvolver uma linguagem ágil, leve, precisa e dinâmica é tarefa dos jornalistas do século 21, da era RSS, da era das
self media. Um grande barato!
p.s. Para quem não conhece, este vídeo do You Tube, legendado, é uma introdução didática e divertida ao mundo dos feeds RSS.
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