SALVE-SE QUEM PUDER
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SALVE-SE QUEM PUDER


A situação do Senado é uma pequena amostra do caos que é a política partidária no Brasil. Entre mortos e feridos no tiroteio que pede a saída de Sarney, ninguém se salva.

Comecemos pelo PT: há 20 anos, chamar um petista de social-democrata era algo bem próximo de xingar a mãe. Hoje, seria um elogio supremo. O PT ficou anos fora do bordel dando de dedo na cara dos seus frequentadores e depois que teve chance de entrar, lambuza-se como ninguém. Até Lula, que foi saudado por intelectuais como Éder Sader, como o líder dos novos personagens que entravam em cena no final da década de 1970, tem escorregado em vários tomates. O último (ou penúltimo) foi dizer que Sarney não deve ser tratado como um qualquer. Sader estava correto ao dizer que o “novo sindicalismo”, as comunidades eclesiais de base e os novos movimentos sociais da década de 1970 eram os novos personagens da política brasileira de então. Eles traziam algo de moderno para a política. Mas a fala de Lula sobre Sarney o coloca ombro a ombro com o pensamento pré-revolução. Francesa... Parece discurso de aristocrata antes da queda da Bastilha.

Já o PSDB... ah, o PSDB. A candidatura de Arthur Virgílio (PSDB/AM) a santo sofreu um grave revés com as revelações de que ele pediu dinheiro emprestado ao... Agaciel, aquele mesmo que quebrava os galhos de todos os senadores. E manteve um fantasma pago com dinheiro do Senado, enquanto o fantasma estudava no exterior. Por uma questão de isonomia, também quero uma Bolsa Senado para fazer o meu doutorado. Se der para ser em Paris, melhor, com um adicional para o vinho – que lá em Paris é nacional. E ainda foi colega de ministério do Renan Calheiros...

Enquanto petistas e tucanos atolam-se em suas contradições, o PMDB continua a geleia geral de sempre. Renan Calheiros, que apoiou Fernando Collor, juntou-se no (não) vale a pena ver de novo para defender Sarney. Sarney que era esculhambado por Collor na campanha de 1989. Collor que jogou baixo comprando a ex de Lula para jogar baixo no horário eleitoral da campanha presidencial de 1989. Agora Lula, Collor, Sarney e Renan estão todos ali, perfilados na mesma tropa de choque.

O que sobra de toda essa lama? Algum projeto de país (e não de poder)??? Quase nada. É aí que eu dou razão ao John B. Thompson, que escreveu o livro “O escândalo político – poder e visibilidade na era da idade mídia”. Resumindo muito, Thompson diz que na ausência de outros argumentos para comprovar que são diferentes entre si, os grupos políticos investem tudo no escândalo alheio, para tentar fragilizar o adversário. O problema é que todos eles têm algum rabicho que ficou para trás. Nesse caso, Fora Sarney é muito pouco. O negócio é FORA TODOS.

PS: desse jeito eu viro anarquista.



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- (nÃo É) Pegadinha
Parece piada, mas não é: está no caderno Vida Pública, na edição de hoje da Gazeta do Povo, que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) convocou os ex-presidentes Itamar Franco (PPS-MG) e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) a compor a comissão...

- Kafka X Sarney
O senador José Sarney (PMDB/MA), para se defender, citou Franz Kafka. Comparou-se ao senhor K, o personagem do livro “O processo”. K. é o personagem que é processado e condenado, sem saber qual foi o crime que cometeu. Não sei se todos os advogados...

- EngraÇadinho
Descobri essa no site Comunique-se: o jornal "O Estado do Maranhão", de propriedade da família Sarney, saiu com a seguinte manchete sobre o discurso de José Sarney (PMDB/AP), no Senado: "Sarney desmonta acusações e reafirma que fica no cargo". O...

- Fora Sarney
Para este blogueiro, essa palavra de ordem já é velha conhecida: na década de 1980, quando eu era de Grêmio Estudantil, já tinha feito uso dela. Nunca imaginei que duas décadas depois ela estaria tão atual: Fora Sarney! É o tema de um blog que...

- MemÓria
Agora que o presidente Lula sai em defesa do presidente do Senado, José Sarney, lembro de um passado não muito remoto, no final da década de 1980. Na Assembleia Nacional Constituinte, o PT fechou com a tese do presidencialismo, colaborando para barrar...



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