OPINIÃO BAIXO CLERO - O 18 BRUMÁRIO DE MARCELO BELINATI
Comunicação

OPINIÃO BAIXO CLERO - O 18 BRUMÁRIO DE MARCELO BELINATI


Nunca o conceito de bonapartismo ficou tão claro numa candidatura a prefeito de Londrina quanto na de Marcelo Belinati (PP), com o seu “ônibus” com 14 partidos. E não só porque, assim como Luís Bonaparte, o líder francês analisado por Marx em 1851 – e que deu nome ao conceito – era sobrinho de Napoelão I, assim como Marcelo é sobrinho de Antonio Belinati. Mas principalmente porque grande parte da elite londrinense, que desde a eleição de 1996 tinha em Luiz Carlos Hauly (PSDB) o seu candidato favorito, desembarcou de mala e cuia na candidatura do campo belinatista.

O conceito de bonapartismo surgiu na análise sobre o golpe de Luís Bonaparte, na França, em 2 de dezembro de 1851. Trata-se de um texto de política de Marx – ele e Engels concentraram suas obras na economia e na análise da sociedade –, que faz uma leitura sobre a questão do Estado, a partir da análise de um caso concreto. Em obras como o Manifesto Comunista, assinado por Marx e Engels e “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, de Engels, a visão sobre o Estado é de que ele existe para preservar os interesses da classe dominante – a ideia de “comitê para administração dos assuntos comuns de toda a burguesia”, como aparece no Manifesto.

No 18 Brumário, aparece o que será chamado pelo marxismo do século XX de autonomia relativa do Estado. É a ideia de que, mesmo que detenha o poder econômico, nem sempre a burguesia consegue deter o poder político. Daí a necessidade de se aproximar de governantes que, como o belinatismo, falam em nome de outras classes, mas governam em conformidade com os interesses da classe dominante. Florestan Fernandes usou o conceito de bonapartismo para explicar o golpe militar de 1º de abril de 1964 em “A revolução burguesa no Brasil”. Em artigo na Folha de S. Paulo, durante o governo Lula, Emir Sader classificou a gestão do petista como um bonapartismo a favor dos bancos [parafraseando, é a famosa expressão “pai dos pobres e mãe dos ricos”], em detrimento, inclusive, de outros setores da burguesia, principalmente o setor produtivo.

Em Londrina, tanto Belinati, quanto Luiz Eduardo Cheida (PMDB), as duas gestões de Nedson Micheleti (PT) e inclusive Barbosa Neto (PDT) foram bonapartistas. Aos barbosistas que se consideram perseguidos “pela elite” por “governarem a favor do povo”, basta ver o projeto de lei de zoneamento que foi enviado à Câmara, fazendo a alegria do setor imobiliário. Quando o PT estava no poder, Barbosa chegou a ser cogitado como um potencial “Luís Bonaparte”, quando setores do empresariado capitaneados por Nelson Brandão deixaram o haulysmo de lado e ingressaram no barco pedetista, que então parecia ter mais viabilidade eleitoral que o preferido da elite. Não durou muito tempo a lua-de-mel com Barbosa. Entraram embalados na certeza de que o na época candidato preferencial do empresariado, Hauly, não ganharia a eleição – como de fato não ganhou.

Agora é a vez Marcelo Belinati encarnar Luís Bonaparte, só que dessa vez exercendo um poder de atração bem maior que os “Bonapartes” que o antecederam, ainda que saia do seio do belinatismo, que nada mais é que a versão local do populismo, um campo político para o qual a elite sempre torceu o nariz – mas ao qual sempre se uniu em disputas políticas estaduais em Londrina. Não significa que se qualquer dos concorrentes ganhar, o bonapartismo não entrará em cena mais cedo ou mais tarde – com exceção de Valmor Venturini (PSol), cuja chance de vitória é bastante remota.

Marcelo Belinati é o Luís Bonaparte da vez. Ele não tem a ficha do tio, com mais de 90 processos cíveis e criminais na Justiça – aliás, não tem ficha nenhuma –, mas, se eleito, terá dificuldade para administrar tanta gente dentro dessa coligação-ônibus.

A adesão tucana a Marcelo Belinati representa a vitória final do belinatismo na política local - a que faltava. Apesar das trágicas gestões de Antonio Belinati – tanto do ponto de vista administrativo, quanto ético –, 12 anos depois da cassação do principal líder do clã político, o belinatismo triunfou. É um triunfo construído em cima da incompetência das gestões de Nedson e embalado no adesismo imposto pelo cacique e governador Beto Richa (PSDB), que só pensa em 2014, mesmo que o custo dessa aliança seja altíssimo para os tucanos de Londrina.



loading...

- OpiniÃo Baixo Clero: A [pequena] Queda De Marcelo
A queda de quatro pontos percentuais de Marcelo Belinati (PP) na pesquisa Ibope/RPC [registrada no TRE sob o número 460/2012] é em parte reflexo da “pancadaria” a que o líder na pesquisa está sendo exposto há algumas semanas. A principal lembrança...

- ManutenÇÃo Da Ficha Limpa Evita Reviravolta Em Londrina
A decisão do STF de reconhecer a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa evitou uma reviravolta na eleição municipal deste ano, em Londrina. Sem a Ficha Limpa, o ex-prefeito e ex-deputado Antonio Belinati (PP) poderia se candidatar, mudando consideravelmente...

- SÓ O Belinatismo Se Renovou
Uma década depois do início das investigações sobre o caso Ama/Comurb, em fevereiro de 1999, a única força política que conseguiu se renovar em Londrina foi o belinatismo. Cassado em 2000, derrotado nas urnas em 2004, Belinati voltou como o protagonista...

- Pc Do B Vai De Barbosa
A notícia não é nova. A novidade é como ela repercutiu. O PC do B - partido no qual militei na primeira metade da década passada - declarou apoio a Barbosa Neto (PDT) no terceiro turno de Londrina. A justificativa é apoiar um partido da base aliada...

- Belinati Na Acil
Hoje quem esteve na Acil foi Antonio Belinati (PP). Ele chegou com um atraso de uma hora de 10 minutos e o debate foi cancelado. Para quem acha que na Acil Belinati estaria em campo adversário, está enganado. Belinati é o tipo de político que se enquadra...



Comunicação








.