O caso Nokia: conquista civil ou retrocesso da Comunicação?
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O caso Nokia: conquista civil ou retrocesso da Comunicação?



Estamos vivendo neste século o dilema dos limites e da dicotomia entre o bom senso e o exagero. Acreditamos que conquistamos, ainda no século passado o "mundo" e com ele quiçá avanços nas leis de proteção da sociedade, sobretudo a de consumo. O Código de Defesa  do Consumidor no Brasil, por exemplo, é sério e representa de maneira incontestável esta conquista. Ou quase. 
Quase porque a velocidade das coisas e as transformações dos hábitos desta mesma sociedade exigem revisões sobre as leis e as convenções sistematicamente. Como tenho um pé lá, no Século XX e outro cá, vivo e compartilho diariamente conflitos de ordem ética, principalmente, no campo da Comunicação e da Publicidade, só pra falar do que me cabe profissionalmente deste latifúndio.
Daí fui tentar entender essa celeuma envolvendo a ação da Nokia na Web. E como esse espaço aqui é de reflexão, vamos à minha: 
Francamente, acho um retrocesso e uma falta de percepção do que é o ambiente digital. Esta lei caduca e contraditória usada como argumento não cabe nestas circunstâncias que envolve, sobretudo, o relacionamento da marca com seus prospects, que atuam na Internet e nas Redes Sociais num modelo, num modus, num formato que constituiu-se independente da vilania e da tirania do poder do consumo, que, óbvio, existe e tem lá seus truques insanos.
Entidades, como o CONAR e o PROCON, especialmente envolvidos neste episódio, em vez de ameaças de punição e multa, tem que discutir e buscar seus posicionamentos sem o rigor simbólico da correção política, outra conquista que está virando camisa de força. A resposta que devemos ter, de maneira consciente e, sim, legislada é: onde e como se aplicar os princípios e conquistas da Comunicação e da Publicidade quando o hoje já é ontem.
A Nokia não fez nada diferente do que uma estratégia de mídia criativa. Nada além do que uma campanha de expectativa, um teaser, recursos usados há anos pela propaganda mundial convencional.
Acontece que o suporte, o meio (a Internet e as redes sociais), não foram entendidos como meios de comunicação. E dificilmente são. É essa a discussão que precisamos ter!
Se milhões de pessoas se postam todos os dias à frente de uma TV para assistir a uma novela nonsense, das mais inverossímeis já vistas na televisão brasileira como torcedores vendados e, nem por isso se sentem "enganadas", por que a Nokia estaria agindo de má fé com os usuários da Internet ao promover uma ação básica de engajamento, que é o marketing viral?
A Internet é um ambiente comunicacional e, dentro dele, cabem sim, estratégias midiáticas.
Acho, por ora, uma grande miopia. Tenha paciência. A Nokia usou resursos, ao meu ver legítimos, para sua campanha de expectativa do lançamento de um novo produto.
Isso é feito em todo mundo, por grandes marcas. Lembro de uma ação genial de um container que foi colocado nas ruas de Tokio por dias, com toda a ação desde o transporte por navio até a reação das pessoas filmada, viralizada e, depois do buzz causado, o container foi aberto e a surpresa revelada. 
Era o lançamento de um carro com toda pompa e circunstância. E ninguém penalizou ninguém por isso. Isso é ideia criativa na Comunicação, usando ferramentas de promoção e web. 
Qual é o grande problema, então? A apropriação do habitus, como diria Bourdier. O frenesi de compartilhar os vídeos da Nokia nada tem a ver com solidariedade nem cumplicidade emocional ao brodinho que perdeu o amor da vida dele na balada, me façam o favor! Tem a ver com a forma frenética de compartilharmos urgências e chegarmos primeiro em nossas redes sociais. E é nisto que a Comunicação trabalha. 
Se abrirem esta prerrogativa punitiva, é melhor extinguir a profissão.



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