Livros, a última fronteira da convergência?
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Livros, a última fronteira da convergência?


Cada um em um momento e com intensidades diferentes, a indústria fonográfica, os jornais impressos, as revistas, as emissoras de televisão e rádio, todos foram impactados pela digitalização de seus produtos.

Falta, ou faltava, a última fronteira: o mercado editorial. O lançamento do Kindle, um novo leitor digital de livros, agitou o mercado esta semana. O "ipod dos livros" foi logo considerado um marco na indissociável relação entre publicações e papel.

O produto da Amazon tem uma tela de 6 polegadas (que não brilha com outros displays) e conexão sem fio à internet, permitindo receber, através de assinaturas, o conteúdo de jornais e revistas, além de 300 blogs. Armazena até 200 e-books de um acervo de 90 mil títulos à venda (na Amazon, claro) por US$ 9,99 e, infelizmente, com proteção contra cópia (e não suporta pdf!). Preço não muito convidativo, assim como o do próprio leitor: US$ 399 (links adicionais ao final do post).

O dispositivo mais próximo do Kindle acredito que seja o Reader, da Sony, lançado em 2006. Suas principais desvantagens são não ter acesso direto à internet (os e-books precisam ser baixados em um computador) e a compra apenas pela loja virtual da Connect, certamente menor que a Amazon. Custa US299.99, incluindo o download gratuito de 100 e-books.

O lançamento de um novo dispositivo é sempre uma ótima oportunidade para avaliarmos o presente e especularmos (digo, apontarmos tendências) sobre o futuro do setor.

Engana-se quem acha que o hábito de leitura em telas de qualquer natureza estaria desmotivando os leitores a comprar obras impressas. Pelo contrário: os números aumentaram nos últimos anos. A editora norte-americana Penguin, por exemplo, afirmou recentemente que a internet beneficiou as livrarias, funcionando como ferramenta de marketing, experimentação e aproximação com a próxima geração de leitores (que o diga o exemplo da Cauda Longa editorial no Brasil). Para o executivo John Makinson, "muita coisa está acontecendo na indústria musical que não se repete no setor dos livros. Os consumidores não querem álbuns inteiros, apenas faixas. Mas querem livros inteiros, e não capítulos".

A distribuição P2P chegou, mas não abalou as livrarias. Legiões de leitores scaneam e compartilham livros em sites como o Democratização da Leitura, que tem um "acervo alimentado por centenas de colaboradores em todo o mundo". Lançado em agosto no Reino Unido, o livro “Harry Potter and the Deathly Hallows” em horas já estava disponível para download, no que chegou a ser chamado de napsterização do mercado de livros.

Nem isso parece incomodar, ao menos os autores. Em artigo recente, Nelson Motta afirmou: "meus editores vão ficar de cabelos em pé, mas, por mim, colocava o texto completo de meu novo livro na internet, um mês depois do lançamento, sem medo de ser feliz". Além disso, a internet ajudou jovens escritores a praticarem a escrita, lançarem-se para o público e, depois de algum tempo, ganharem o mercado editorial com obras impressas.

The future of books, reportagem de março de 2007 da revista The Economist, apresenta uma interessante diferenciação entre os genêros literários. A digitalização está trazendo o mesmo impacto para obras de ficção, não-ficção, poemas, enciclopédias? Claramente, não.

Faltariam antes suportes de leitura portáteis adequados às características de um livro? Uma tela tradicional jamais atraiu ninguém para uma leitura prazeirosa. Para se criar um documentos txt e ler num ipod, então, há de se estar muito interessado no tema (e "bem das vistas", como se diz no interior).

Papo para outros (longos) posts.

Leia ainda: The Future of Reading (Newsweek) e E-paper comes alive (Technology Review)



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