Estadão entrevista Ignacio Ramonet
Comunicação

Estadão entrevista Ignacio Ramonet


O Estadão de hoje traz uma entrevista com o jornalista e sociólogo Ignacio Ramonet, ex-aluno de Roland Barthes e diretor-presidente do Le Monde Diplomatique, autor de O Quinto Poder, em que defende a criação do Observatório Internacional de Mídia para fiscalizar os meios de comunicação, e livros como A Tirania da Comunicação.

Na entrevista, fala sobre conglomerados empresariais que controlam os meios de comunicação de massa - incluindo a internet - e sugere os blogs como pólos de resistência. O ponto que considero mais interessante da discussão diz respeito à "espetacularização" (W. Benjamin diria "estetização") da política na mídia e a confusão das esferas da informação e entretenimento, tão comum nos portais, que dissolve as identidades cidadão e consumidor. Como afirma no seguinte trecho:
Os conglomerados de mídia dominam hoje a informação. Sua preocupação básica não é a qualidade da informação. Nem sequer sua veracidade. O que mais lhe interessa é a rentabilidade da empresa. Essa é sua obsessão principal. Por isso, dão absoluta prioridade à informação-espetáculo, à informação-entretenimento. Concebem a notícia como uma variedade da cultura de massas e não como item da formação e educação do cidadão. O que importa é um maior número de pessoas consumindo essa informação-lixo. Porque, hoje em dia, o negócio noticioso não consiste em vender novidades aos cidadãos, mas vender cidadãos aos anunciantes. Essa é a nova equação, que constitui uma regressão copernicana. A população precisa tomar consciência dessa mudança radical. E defender seu direito a ser bem informada, porque a qualidade da informação depende da qualidade da democracia.
Ramonet é um dos maiores críticos atuais da relação mídia e poder, ao lado de Noam Chomsky, Régis Debray e Pierre Bordieu, todos muito questionados por suas ligações com a esquerda - Ramonet diz, na entrevista, que "Fidel Castro é o maior latino-americano da história, ao lado de Simon Bolívar" (!?!?!). Concordando ou não com suas posições políticas, é interessante preservarmos estas vozes dissidentes. O contraditório que enriquece o debate.



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