Esqueça o jornal, salve o jornalismo
Comunicação

Esqueça o jornal, salve o jornalismo


Bruce Ackerman, do Guardian, foi no ponto. Não são os jornais que precisam ser salvos, mas o jornalismo investigativo. Este é o debate negligenciado a respeito da falência dos impressos nos Estados Unidos.

A questão é como financiar um jornalismo de qualidade com o naufrágio do modelo de negócio que o sustentou, bem ou mal, até hoje. Retomo o argumento de postagens anteriores: boa informação - bem checada , editada e escrita - custa caro. É feita por profissionais bem treinados, com recursos adequados (bota na conta a gasolina da viatura) e leva tempo, requer paciência.

É algo que a internet se mostrou, até agora, incapaz de fornecer, não obstante o dinamismo e aparato tecnológico que traz evidentes benefícios à cobertura.

Quem vai ficar no lugar da sucursal fechada? Um blogueiro?

Diz Ackerman:
(...) Há enormes custos com a perda de um núcleo de repórteres investigativos fazendo cobertura local, nacional e internacional. A internet serve para detectar escândalos que requerem vários blogueiros para perder tempo procurando por pedaços de provas incriminatórias. Mas não há nenhum substituto para a reportagem investigativa séria, que requer semanas de investigação inteligente para chegar ao coração do problema. Sem Woodwards e Bernsteins, haverá ainda mais Nixons e Madoffs chovendo caos e destruição.
Ou seja, sem jornalismo independente e fiscalizador, a esfera pública perde um poderoso órgão de monitoramento. O recente caso da brasileira atacada na Suíça, por exemplo: de que adianta a gritaria de blogs e notícias pipocando a cada minuto nos portais? É uma história que demanda apuração, não afobamento.

Se a crise dos jornais for realmente uma crise no jornalismo, quem vai pagar essa conta?

ps.
O artigo de Walter Isaacson, que reacendeu a polêmica semana passada, foi publicado hoje no Estadão.

Ilustração: L'Événement (1866), de Paul Cézanne (1839-1906)



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