DEVANEIO BAIXO CLERO: O EDITORIAL DA DITABRANDA
Comunicação

DEVANEIO BAIXO CLERO: O EDITORIAL DA DITABRANDA


BINGO!

Estou acabando de ler o livro “Brasil: de Getúlio a Castello”, do brasilianista Thomas Skidmore, e acho que descobri de onde um editorialista da Folha de S. Paulo se achando “experrto” tirou aquela ideia esdrúxula de “ditabranda” num editorial publicado pelo jornal paulista em fevereiro de 2009. O editorial em questão falava de colocar “freios” em Hugo Chávez e dizia que o equatoriano, ao contrário das “chamadas ditabrandas” [chamadas por quem, cara pálida?], ele começou no poder pelo voto direto – a ditadura brasileira, que nada tinha de branda, começou com um golpe de Estado ou “ruptura institucional”, como disse o editorialista. O editorial da FSP em questão até tinha demonstrações de que o cara que o escreveu tem referências. Tratava o Chávez como bonapartista.

Mas enfim, voltando ao causo da ditrabanda: o Skidmodre fala, lá pelo finalzinho do livro, que “em 1964, a tendência à participação pública cada vez maior foi interrompida. Em seu lugar, foi instalado um sistema semi-autoritário”.

Bingo! O livro do Skidmore é sem dúvida um clássico – eu tenho em mãos uma edição comemorativa aos 40 anos de lançamento da obra (em 1967), que saiu em 2007 pela Companhia das Letras. A análise dele é muito boa, pega o Brasil de 30 a 64, da ruptura com a República Velha à quartelada de 1º de abril de 64. A tese dele se sustenta em dois pilares: primeiro que os militares foram os fiadores, os mediadores das grandes disputas nacionais em todo esse período. Em 64, eles e a classe média, sua interface civil, se viam em vias de perder o seu peso na “arbitragem” do processo político e daí partiram para dar o golpe. Em 30, 37, 45, 54, 55 e 61 os militares agiram, mas sempre devolveram o poder aos civis. Em 64 eles decidiram assumir pessoalmente o poder. Deu no que deu.

Segundo: para Skidmore, a ruptura/golpe/quartelada de 64 se deu em nome da impossibilidade de resolver o impasse principalmente econômico brasileiro – inflação, crescimento, etc – pela via democrática. Restou o autoritarismo para a adoção de medidas amargas e impopulares que, por exemplo, JK não quis tomar no final do seu governo, a partir de 59, pensando em voltar na eleição de 65 – naquele tempo não tinha reeleição. Tais medidas inviabilizariam lideranças populistas.

Este humilde escriba jamais chamaria de “semi-autoritário” a primeira fase da ditadura brasileira. Élio Gaspari, na trilogia “As ilusões armadas”, chamou de “Ditadura envergonhada”, que eu acho mais adequado. É claro que o golpe foi dado em nome da democracia e que Castello até tentou dar uma roupagem democrática para o seu governo, ainda com eleições. Mas recuou, mudou regras do jogo e até suspendeu as eleições diretas quando viu que o governo, mesmo nascido da força e não das urnas, perderia nas urnas. Daí as eleições indiretas que em 66 “elegeram” Costa e Silva, seu sucessor.

O “semi-autoritário” não tira os méritos desse clássico de Skidmore que eu li e recomendo. A obra seguinte do brasilianista já entrou na minha lista de leitura: Brasil de Castello a Tancredo”, dando sequência à análise da história recente do país.



loading...

- A ImportÂncia Do Voto
Sem entrar no chavão do “exercício da cidadania”, não custa ressaltar mais uma vez a importância do voto. Chego aos 40 anos de idade votando pela sexta vez para presidente da República. Na verdade, neste domingo, será o décimo turno para presidente...

- Brasil Vai Eleger O Presidente 40
O Brasil vai às urnas hoje para eleger o 40º presidente da República, na sexta eleição direta para a presidência depois do encerramento da ditadura militar (1964-1985). Neste domingo, 135,8 milhões de eleitores brasileiros vão às urnas para eleger...

- Brasil Vai Eleger O Presidente 40
O Brasil vai às urnas hoje para eleger o 40º presidente da República, na sexta eleição direta para a presidência depois do encerramento da ditadura militar (1964-1985). Neste domingo, 135,8 milhões de eleitores brasileiros vão às urnas para eleger...

- Ex-ombudsman
A Folha de S. Paulo publicou ontem a coluna de despedida do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva da função de ombudsman. O ombudsman funciona como representante do leitor diante da redação. Ele recebe cartas com queixas e observações dos leitores...

-
MARÇO DE 64 O golpe militar de 1964, que deu início aos 20 anos de ditadura militar brasileira, completa, nesta quarta, 40 anos de idade. Destaque para o especial "Março de 64 - 40 Anos Esta Noite" produzido pelo Estadão. E para a AOL Brasil, com...



Comunicação








.