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“A hierarquia do espaço urbano está invertida”, diz especialista


Quem é esse pedestre que não vê o problema? É o da periferia. No bairro dele é muito pior”



Por Maria Clara Lima


_Refletir é uma palavra-chave. Assim diz o arquiteto e urbanista Francisco Santos Rocha, 58. Segundo ele, é preciso refletir sobre o crescimento da cidade e sobre a lógica invertida que prioriza o veículo em vez do pedestre. “A hierarquia do espaço urbano está invertida: o transporte é uma função derivada. Você define a situação do transporte e o pedestre é transparente ou fica com o que sobra”.

_Ele explica que muitos dos problemas urbanos vêm dessa lógica invertida. “Estamos construindo um modelo inviável e perverso de apelo ao transporte individual. Esse modelo não tem sustentabilidade econômica e nem ambiental”, diz.

_Em 2003, Rocha concluiu seu mestrado sobre o andar a pé em Salvador. Para o trabalho, a cidade foi dividida em quatro regiões e alguns problemas foram apresentados – como o acesso ao ponto de ônibus, a continuidade do caminho, a falta de educação do motorista, a imprudência do pedestre e a situação das calçadas. “Na região do Iguatemi, por exemplo, o caminho é descontínuo: você salta, pula, corre. Em síntese, caminhar no Iguatemi é uma corrida de obstáculos”.

_Ele chama a atenção para um outro fato: a existência de caminhos cortados na grama. “Isso significa que o caminho pensado pelos arquitetos e urbanistas não é o preferível do pedestre”. Para ele, o único ponto positivo na região é a passarela. Mas, segundo a pesquisa, para 35% dos pedestres entrevistados, não há problema algum. “Quem é esse pedestre que não vê o problema? É o da periferia. No bairro dele é muito pior”.

_Para Rocha, o descaso com a situação do pedestre é nacional. “Em todo o Brasil: a cidade é para o carro”. E quem pensa na cidade? “O poder público”, responde. Mas, ao trazer a questão para a Bahia, para ele falta pressão, uma organização fundamentada na consciência para que esta situação mude. “A cidade cresce de uma forma desordenada e quem paga o pato é o pedestre”.

_Sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), Rocha diz ser um bom plano, mas ressalta: “A cidade se faz espontaneamente, à revelia do plano. Como controlar é a questão”.



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