As cotas e a contradição social
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As cotas e a contradição social


Divaguei um pouco sobre o futuro da universidade com as cotas. Me entusiasmei como há muito não acontecia. Vislumbrei uma evolução extremamente positiva e não a suposta queda da qualidade como alguns argumentam. Pena que dificilmente ainda estarei na Ufes quando essa revolução que imaginei estiver vigorando.

A contradição social hoje está nos muros da universidade. Eles separam a elite econômica predominante nos centros de excelência de uma maioria marginalizada que passa longe do ensino superior. As cotas trariam tal contradição pra dentro da universidade. O que isso geraria? Segregação? Racismo? É possível que sim, mas os estudantes teriam de aprender a conviver uns com os outros. Querendo ou não, com ou sem cotas, lá dentro são todos iguais.

Mas só alguém muito tolo não percebe os benefícios da diferença, ou melhor da pluralidade. Certamente os debates se enriqueceriam de uma maneira incomensurável. Não seria mais necessário que o Fantástico transmitisse o documentário “Falcões” para que os universitários percebessem a desigualdade, ela estaria na própria sala de aula. Desigualdade social e não intelectual, pois as experiências de cotas pelo Brasil demonstram que os cotistas têm obtido ótimas notas.

Para alguns estudantes endinheirados a universidade pública não tem tanto valor pois eles podem ter acesso às particulares. Mas para aqueles que têm a pública como única possibilidade só resta lutar para manter a qualidade do ensino e evitar a privatização do ensino superior gratuito e a decretação oficial do apartheid social brasileiro. Para quem duvida da minha tese basta observar o nível de politização de estudantes de Pedagogia (boa parte vinda de escola pública) com o de estudantes de Direito (eminentemente vindos dos melhores colégio privados) na Ufes. E olha que falamos de dois cursos da mesma área, Humanas.

Então, sonhei com uma universidade mais plural, com mais pontos de vistas, mais debates, mais cultura, mais mobilizações, mais luta, mais força. Uma universidade mais universidade!

Talvez eu tenha sido um pouco (ou bastante) sonhador, idealista e até maniqueísta. Peço desculpas por esta última. Mas se um dia a universidade não for mais espaço para sonhar nem idealizar não faz mais sentido existir. Seria preciso repensarmos a humanidade, pois teríamos virado robôs.



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